Ética e Educação
Nada mais
adequado para "estar na moda" do que associar
educação, qualidade e ... ética! Refletir eticamente é
colocar em questão os valores sustentadores de nossas ações em
sociedade. A etimologia da palavra ética nos remete a ethos ,
que significa costume, caráter, marca.
A tarefa da educação é transmitir os
valores sustentados do ethos de cada sociedade. A escola ,
enquanto instituição educativa, tem o papel específico
de se encarregar dessa transmissão. É preciso, entretanto,
deixar clara a contradição presente na ação educacional - ao
transmitir o conhecimento, os valores, a educação os mantém e
transforma simultaneamente, cria novas perspectivas, num processo
de constante superação, conservando e renovando elementos.
Freqüentemente, a educação ética é
deixada à deriva, já que se pensa que a natureza é boa no
sentido rousseauniano e por esse motivo não se torna
necessário instruir as crianças e os adolescentes; é
suficiente esperar que amadureçam e a sua bondade inata se
manifeste. Outros, os que entendem a condição humana no sentido
" diabólico" que lhe deu Hobbes- o homem é um lobo
para o homem - , acreditam que é necessário reprimir os jovens,
frear os seus impulsos agressivos e egoístas.
Existem na vida escolar e em decorrência, na
educação das crianças, muitos momentos de interseção e
alguns de convergência. Disciplina e ética inseridas na vida
prática sob a denominação comum de "hábitos" e, a
não obrigação de tomar partido( nos posicionar) são campos de
ação comuns entre a ética e a disciplina.
Resgatar a cidadania, construir uma sociedade
mais fraterna, mais justa e, sobretudo, ética. Está lançado o
desafio a todos os "educadores", responsáveis por uma
parte importante da tarefa de formação de valores éticos dos
nossos jovens do século XXI.
Todos nós, pais e professores, precisamos
estar sempre refletindo sobre a questão dos limites que devemos
assumir perante nossos filhos e alunos, a fim de ganharmos o
equilíbrio imprescindível para educá-los. Na autoridade, o
adulto precisa, por exemplo, assumir seus deveres de pai e
professor sem ser onipotente e, falar, sinalizar, mas ouvir a
criança e o jovem dando importância a isso.
Deixar a educação restrita à escola
representa uma atitude de demissão social que acaba levando a
uma situação de inviabilidade. A ética tem que perpassar todas
essa instâncias, ou será uma preocupação de apenas um setor
da sociedade. Se a família, a escola, a igreja, as
associações, os sindicatos e até os partidos políticos
assumissem o compromisso de formadores de valores éticos, então
estaríamos a caminho de uma nova realidade.
Atualmente, o adulto mais próximo tem que ter
urgência em resgatar o valor real da autoridade e da ética,
para que nossos jovens possam ser educados como cidadãos capazes
de reconhecer e " resignificar" as regras sociais.
Há coisas que, sem dúvida, a escola deve
procurar mudar, mas há igualmente outras que ela deveria
procurar preservar. Antes de mais nada, a escola deve ser
crítica para distinguir o que deve acatar, adotar, assimilar e
difundir, e o que deve renegar, refutar, rejeitar e abolir. Uma
escola que não faça tais distinções e que não haja a partir
delas é uma escola que não pensa, não merecendo, portanto,
confiança e credibilidade.
Textos:
Ética e disciplina; Irene de Puig- "Dois
Pontos -out/nov 95
Ética, Autoridade e Cidadania ; Nye Ribeiro
Pinto-" Dois Pontos"- verão 95
Ética e qualidade; Terezinha Azerêdo Rios-"
Dois Pontos"- jul/ ago 97
Educação, qualidade e ética; Nye Ribeiro Silva-
"Dois Pontos"- verão 95
O resgate da autoridade e da ética na escola;
Guido de Almeida-"Dois Pontos"- verão 95