PRINCESS  BEATRIX

Edmar Mammini

O modelo e o original, o porque de sua escolha. Possuidor de diversos modelos de embarcações, faltava nacoleção um que tivesse rodas laterais, foi essa a razão da escolha, o estilo foi o que mais me agradou bem como o aspecto gracioso que possui. O Princess Beatrix é um navio de pequeno porte para o transporte de passageiros entre as cidades de Scarborough e Norwich ambas na Inglaterra e no mar do norte. Embora possua um desenho muito harmonioso, sem dúvida era um barco para mar grosso, tendo em vista ser o mar do norte (entre Inglaterra e Noruega) um dos mais inóspitos dos navegáveis.
 

O navio original possuía o casco de aço e a superestrutura em madeira, máquina a vapor de dois cilindros de simples expansão com caldeira tipo Scotch , queimando carvão mineral.  O modelo possui casco e superestrutura em madeira, máquina a vapor de dois cilindros e caldeira tipo Scotch queimando gás liqüefeito de petróleo (gás de cozinha comum). A fineza dos seus “fittings” é uma coisa de deixar qualquer um boquiaberto. Portas e janelas abrem com suas fechaduras e dobradiças, bem como as gaiutas funcionam. A bitácula e a roda de leme são de uma autenticidade sem par, sendo inclusive copiadas por outros modelistas. As rodas são do tipo -articuladas-  (feathering)  em inglês , ou seja as pás entram e saem da água sempre na posição mais vertical possível, aumentando com isso o rendimento tanto no original como no modelo.
 

Curiosidades e casos que aconteceram com esses barcos. Foram construídos em 1900 em Clyde na Escócia dois barcos quase iguais a esse e se Chamavam: Bilsdale e Lord Roberts . Eles não deram o devido lucro a companhia possuidora e ela faliu. Foram vendidos a companhias diferentes e tomaram rumos diferentes. O Lord Roberts  possuía uma cabina de comando coberta, o outro não, minha opção na construção foi a de cabina aberta para se ver melhor o detalhamento. Tendo sido eu o primeiro no Brasil a fazer cascos de modelos em fibra de vidro, isto em 1965, desde então nunca mais havia feito cascos que não fosse em fibra e resina, havia abandonado por completo a mania de fazer cascos em madeira.

Após quase 30 anos, isto em 1993, talvez  por uma questão nostálgica resolvi novamente fazer esse modelo em madeira , foi um grande erro de minha parte, achando que se o fizesse em madeira mas o resinasse por dentro e
com uma aplicação de uma única manta de lã de vidro seria o suficiente para que não trincasse, como sói acontecer
com todos os cascos de madeira, então o fiz assim, doce ilusão, pequenas fissuras estão acontecendo, e a partir dos 5 anos de vida começou o estrago; já foi retocada a pinturas para desaparecer os defeitos. Espero que cesse o
problema no decorrer do tempo.
 

O modelo foi construído para ser a vapor e assim foi feito e passou a funcionar, mas um defeito na junta do cabeçote
da máquina propulsora deu uma chamuscada no casco e o danificou, se fosse de fibra e resina teria agüentado mas
a madeira abriu o bico. Foi necessário uma reforma no casco, ficou sem cicatrizes mas teve de ser mexido. Aconselho
a qualquer um que desejar fazer barco a vapor a nunca faze-lo em madeira, não dá certo. Dúvida cruel pairou em minha cabeça, fazer um novo casco em fibra ou tirar a máquina e faze-lo elétrico?
 

Ganhou a segunda opção, por duas razões:- 1ª seria uma pena mexer no barco, é uma verdadeira obra de arte, 2ª a
máquina é tão bonita que deixa-la lá dentro é deixar uma segunda maravilha oculta, então resolvi que farei um novo
modelo onde a máquina ficará exposta, será um rebocador de rio e que embora também inglês, navegava no rio Tietê entre os anos de 1910 a 1938 entre Porto Martins e Bariri sendo seu porto de registro Barra Bonita que na época não possuía a barragem e a eclusa. Seu nome ?   Visconde de Itu , ele realmente existiu, e quem for a Barra Bonita  poderá vê-lo de Forma estilizada feito em cimento nos jardins que ladeiam o porto da cidade.
 

O modelo apresentado, ainda quando a vapor, ganhou o prêmio de melhor modelo civil da “Escola Naval do Rio de Janeiro” em 1995, desde então não participou de mais nenhuma competição. As partes de madeira do modelo, a vitrine que o contém, e o móvel que suporta a vitrine, são todos feitos de uma única prancha de madeira, é cedro e origem paraguaia e ótima qualidade, foram necessários dois anos de secagem ao tempo para que ela se estabilizasse, após o que, foi retalhada em tiras de 3mm para a confecção do casco e demais medidas que se fizessem necessárias. Vale a pena ser visto.
 

O modelo agora elétrico, possui motor Veta  555, opera com 12V e consome 1,2 A, portanto tem uma potência da ordem de 12 a 14 Watts .  O conjunto redutor é de 1:60, sendo parte com engrenagens e parte com correia dentada.  Possui rádio de 6 canais assim distribuídos, 1- Leme traseiro, 2- Leme dianteiro (todo barco de rodas laterais possui) 3- Motor, velocidade e frente e atrás, 4- Apito (eletrônico) 5- Fumaça (gerado com eletricidade) 6- Iluminação. O modelo está em perfeito funcionamento e não tem tido chances de participar de competições por não ter outros modelos a rodas para concorrer com ele; não se deve em provas, colocar barcos com rodas junto com os de hélice, existe um outro procedimento de manobra para barcos com rodas, sejam laterais que de popa. O nome Princess Beatrix
foi dado em homenagem ao nome de minha filha -Beatriz- e princess  por ser sem dúvida uma princesa entre meus
modelos, é o mais delicado.
 


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