Contratorpedeiro    MARCILIO DIAS
Edmar Mammini

O Original e o Modelo. A razão da escolha. Tipo de construção
 

Em 1940 o mundo assistia os horrores da 2ª guerra mundial, o Brasil até então neutro começou a tomar partido de um dos lados, ficou com os assim chamados aliados, eles eram de inicio Inglaterra, França, Polônia e União Soviética, em fins de 1941 entra os Estados Unidos da América  e este induz o Brasil a segui-lo. O Brasil se preparava , criando a CSN –Companhia Siderúrgica Nacional, para fornecer aço ao mundo, cria em Natal , RN, um aeroporto para possibilitar a travessia do Atlântico por aviões americanos; cria o arsenal de marinha no Rio de Janeiro para a fabricação de navios de guerra.
 

E em 1943 inicia a construção de três navios de médio porte, são eles : Marcílio Dias, Maris e Barros e Greenhalt. Eram contratorpedeiros de projeto americano da Philadelphia Navy Yard, eram conhecidos como classe “Mayo”, no Brasil ficaram conhecidos como classe “M “. Suas características principais eram : Comprimento 106 metros, boca 11 metros, deslocamento 1.620 toneladas, propulsão a vapor com 4 caldeiras Babcock-Willcox e duas turbinas, desenvolvendo 27.000 HP cada ,num total de 54.000 HP o que lhe proporcionava uma velocidade de 36 nós (67 km/h) . Foi o faixa azul da marinha brasileira durante muito tempo.
 

 Armamentos : 4 canhões “Browning”de 5 polegadas, 2 canhões anti-aéreo de 40mm Böfors, 6 metralhadoras. 50 Browning anti-aéreas , 4 tubos de torpedos de 21 polegadas, duas baterias traseiras  e mais quatro laterais de cargas de profundidade. O casco era em aço liga, e a superestrutura em Duralumínio, que era novidade e também porcaria da época, devido a uma superestrutura muito alta , o alivio de peso da estrutura auxiliava a estabilidade, porém  a maresia acabou corroendo a junta entre o alumínio e o aço, de modos que, foi necessária a modificação em inox na emenda das duas partes.
 

Essa reforma foi feita no EUA  por falta de conhecimento técnico em nosso arsenal, o leme também foi redesenhado,
o original não obedecia a contento. Foi um projeto que deu problemas na realidade, por esse motivo o almirantado americano desenvolveu a classe Fletcher  que sem tirar nem por foi o melhor projeto de contratorpedeiro que o americano já fez até hoje, o Fletcher é a classe Mayo e a classe  Gleaves corrijida. A escolha do modelo. A razão, ou melhor as razões que me levaram a escolher essa classe de contratorpedeiros acredito ser sentimental.
 

Uma delas é que gosto de navios do fim do século XIX e inicio do XX , foi o que eu vi quando era criança, (eu nasci em 1938) e até 1950 quase todos os navios que via no porto de Santos eram de chaminés redondas longas e saiam muita fumaça. Isso sem dúvida ficou na minha cabeça; navio é isso aí . Outro motivo foi ser o primeiro navio de guerra contemporâneo a ser feito aqui no Brasil. Outra razão foi ter conseguido os desenhos originais domesmo e não desenhos de modelos. Em minha coleção ( da época) faltava um vaso de guerra.
 

O modelo:  Com o plano de linhas em mãos , foi feito um molde em madeira do tipo pão e manteiga esse molde virou o macho de um novo molde em gesso, que era a fêmea, uma vez impermeabilizado, dentro dele foi moldado ,pela primeira vez no Brasil , isso em 1967, um modelo em fibra de vidro e resina epóxi ou poliéster, não me lembro ao certo, chamavam-na de ortho-fenólica. Feito o casco, foi instalado os motores  e os hélices, um rádio especial também foi construído para ele , e não era proporcional, ainda não existia comercialmente, e que seja do meu conhecimento surgiu aí o primeiro controle de velocidade eletrônico feito no Brasil, usava um transistor de código “OC 16”da Philips.
 

Tinha 5 ampéres de corrente, uma sumidade para a época. Os motores eram ou melhor, são alemães, chamam-se Octoperm da firma “Schuko”. Os hélices são de desenhos franceses da firma “R. Stab” de Paris. O redutor é na razão de 1: 2,5 e de engrenagens. Feita a prova de máquinas e rádio o modelo se mostrou de ótima performance. Foi dado então inicio a construção da superestrutura, uma novidade para época, toda ela foi construída em  acrílico moldado, da mesma forma que eram feitos os Luminosos de propaganda da mesma época .
 

Uma verdadeira sensação, foi a primeira vez que consegui dar a um modelo o aspecto de autenticidade que sempre
desejei aos meus modelos .O modelo ficou perfeito e foi uma sensação sem par possui-lo, era o que existia de melhor nos anos 1970. A pintura foi toda feita em tinta automotiva à nitrocelulose, dá um acabamento que outras pinturas não conseguem, sobretudo no que se refere ao matiz , consegue-se um brilho meio fosco que só com ela mesmo.
 

Possui um apito eletrônico que imita o som típico dos contratorpedeiros, que é a sereia de alarme quando entra em combate. O modelo foi construído na escala de 1:48 que em polegadas é ¼ de pol. = a 1 pé .Suas dimensões  são: comprimento 2,15 metros, boca 23 centim. Peso  13 kg. Nota curiosa:- na época não existiam baterias leves que fornecessem potência para esse motores que tem 24 Watt cada um e operando em 12 V. Por essa razão foram construídas baterias especiais em “Niquel-Ferro” pela firma  NIFE do Brasil por um preço exorbitante , cerca de
400 US$ .

As baterias eram de dez elementos de 1,2V e com 10 Ah , duraram muito, exatamente 12 anos, antes que apresentassem defeito. Eram as precursoras das atuais “Niquel-Cádmio” . Esse modelo ganhou uma série incomensurável de prêmios, mas o mais importante para mim foi o troféu “Melhor Modelo Militar” ganho da marinha do Brasil , e junto com ele a medalha de “Amigo da Marinha” oferecida por mérito de eu ter construído uma réplica de um vaso de guerra brasileiro. Outro prêmio foi a Medalha “Cidade de Santos” oferecida pela capitania dos portos de Santos.O modelo foi inaugurado em 1971 em uma das primeiras feiras de eletro-eletrônica da época, e que era ainda dentro do parque do Ibirapuera . Foi apresentado como sensação e curiosidade eletrônica devido a ser rádio controlado.
 


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