HUMAITÁ
Meu primeiro barco a vapor foi feito em 1954, o motor era comprado e era de origem inglesa, era da marca “ Mamooth”, era um cilindro oscilante e uma caldeira aquecida a álcool (uma porcaria) mas a novidade me encantava e nessa época eu estava com 14 anos de idade. Desde esse tempo fiquei com uma idéia fixa de fazer um barco a vapor realmente bom. A segunda tentativa se deu em 1958, era um motor feito por um amigo de meu pai de nome Ernest Alm, foi outra porcaria, não tinha rendimento.
A
coisa ficou em minha cabeça durante anos, o tempo passando, daí
vieram estudos, serviço militar, casamento,
começar
a trabalhar para ganhar a vida e então houve um hiato no modelismo
que para mim é doença crônica com
episódios
de crise aguda. Em 1968, dez anos após a última tentativa,
iniciei a construção de um motor a vapor para
coloca-lo
em um barco. Quem me ajudou nisso foi um senhor também modelista
de nome Nikolaus Schwartz que
havia
tentado construir o motor porém sem êxito e acabou desistindo,
dando de presente para mim o Kit de peças
a
serem usinadas. O kit era inglês da firma “Bond’s O’ Eaton” era todo
em bronze naval.
Atualmente
esse motor se encontra em poder de Almir Klink, navegador notório.Seu
Nikolau também me forneceu
o
desenho da Caldeira, também de uma revista inglesa de 1936 chamava-se
“Model Engineer”. Eu consegui construir ambos com êxito total.
Daí veio a escolha de um barco. Tinha que ser um barco originalmente
a vapor, e acho que escolhi certo sem nunca ter tido certeza se realmente
era ou não. A escolha recaiu sobre um barco de passageiros dinamarquês
ou sueco, enfim do mar Báltico. Era o “Bohuslän” .
Como
não havia uma planta detalhada usei a planta de um kit de montagem
da Billings Boats , eu o ampliei, fiz o plano de linhas a partir das cavernas
desenhadas e construi o casco em fibra de vidro e resina poliéster,
usando pela primeira vez um molde de fibra ao invés de gesso como
era costume na época (1968).A superestrutura é em madeira,
tendo sido usado cedro vermelho nos caixilhos e compensado do IPT nos conveses
e tetos, as ripinhas do piso são de balsa.
Nas
janelas do casco tem caixilhos de latão com uma rede também
de latão, o que proporciona uma boa ventilação
para
caldeira e máquina. A pintura é toda em nitrocelulose, inclusive
o verniz das partes em que se usa madeira aparente. Eu fui muito feliz
na escolha do modelo, sem dúvida até hoje esse é o
modelo de melhor performance que possuo, embora eu tenha uma coleção
de mais de dez modelos com barcos a vapor e elétrico, esse dá
uma poeira
nos
outros no que se refere a estabilidade na navegação.
Por
essa virtude acabou pagando um certo preço a mim, tendo eu o usado
para testar máquinas a vapor, por lá já
passaram
cinco modelos de máquinas diferentes e três tipos de caldeiras
diferentes. Atualmente está com um motor
de
desenho francês que se chama DN 15 da firma Steam de
Biaritz (França), e uma caldeira Yarrow de tubos cruzados
aquatubular de muito alta eficiência, que foi projetada para outro
barco a acabou ficando nesse de tão bem que se deram. Me refiro
ao conjunto motor /caldeira/ barco. Esse conjunto proporciona uma autonomia
de mais de duas horas sem reabastecimento.
O
nome Humaitá se deu devido a que: -fiquei sabendo através
de um amigo que o Brasil importou no inicio do século XX barcos
desse tipo –Transporte de Passageiros- dos países escandinavos para
navegar tanto no rio Amazonas como no Rio Paraná e Paraguay , e
Humaitá é um lugar onde houve uma batalha naval na guerra
contra o Paraguay, essa é a razão. O modelo começou
a navegar em 1971 e ainda hoje empolga todos os modelistas, estando em
perfeito estado de conservação e funcionamento.
Possui
atualmente um rádio de 6 canais proporcionais da Futaba, mas na
sua inauguração funcionava com um rádio
de
10 canais não proporcionais marca “OS”. A escala do modelo
é 1: 27 , sendo suas medidas 1,73 m de comprimento 35 cm de boca,
12 cm de calado, pesa no mínimo 16 kg e no máximo 22 kg sendo
que essa variação depende de lastro e carga de água
e gás. O modelo já ganhou diversos prêmios a saber
: em 1971 o melhor modelo em escala da Taça Mobral de Modelismo.
Em 1986 o melhor modelo do “Clube de Nautimodelistas de São Paulo”.
Em 1992 o melhor modelo civil da “Escola Naval” além de uma série
de provas ganhas competindo com barcos elétricos e uma vez ganhou
de um barco a explosão em prova de “Endurance”.