GREEN  DOLPHIN
Edmar Mammini
 
 
 
O GREEN DOLPHIN

O ano era 1978, e por razões de serviços profissionais fiquei parado com a atividade modelística por cinco anos, nesse mesmo ano eu comecei a montar de novo minha oficina de modelismo . O meu primeiro barco tocado a vapor , e que tinha dado certo, sim... houveram outros que não deram...., já não apresentava problemas, era o Humaitá. O Humaitá está aqui presente no site e pode ser visto e descrita sua construção, entretanto as máquinas a vapor e as caldeiras que foram experimentadas no Humaitá eram mais interessantes de serem vistas do que o barco em si. Uma das máquinas que foram testadas nele está aqui presente em um display na abertura do site.

Minha intenção era fazer um modelo de  barco sem superestrutura, tipo lanchão, no qual seria possível se ver todo o mecanismo, as tubulações, a caldeira, enfim o conjunto de equipamentos que fazem com que um barco a vapor possa navegar durante horas a fio sem necessidade de reajustes e com abastecimento suficiente para 2 horas de navegação. Minha primeira intenção foi reproduzir o “ African Queen “ , famoso barco a vapor do lago Victória na África no ano de 1916 e que acabou gerando um filme também famoso com o mesmo nome e estralado por Humphey Bogart e Caterine Hepburn. Esse barco entretanto possuía um motor de apenas um cilindro, o que em modelismo não dá certo por não ser um motor que dá partida sozinho, é necessário que se dê um giro no volante ao faze-lo iniciar as revoluções. Como comanda-lo via rádio ?
 

Minha opção recaiu em um barco usado em praticagem de porto de origem inglesa entretanto eu só tinha fotos e não desenhos, o jeito foi inventar, e inventar por inventar, foi mais fácil para mim usar a forma de moldagem do Humaitá para fazer o casco em resina e fibra e não fazer a superestrutura.  E foi o que fiz. Daí nasceu o que seria o “ Brazilian Queen” de inicio. Com o montar das coisas, a cor preferencial e posteriormente adaptar ao modelo uma bomba de escafandro ou melhor construir a bomba e usar um escafandro que era na época uma das indumentárias do boneco “Falcon” ele não ficou com aspecto que lembrasse o “African Queen” daí eu ter inventado o nome de “ Green Dolphin” que quer dizer um delfim, que é um golfinho pequeno , - boto em português brasileiro - e de cor verde.

É imaginário, não existem botos dessa cor, existem sim botos cor de rosa, cor cinza e preto.  Mas como o modelo tem o casco na cor verde o nome pegou bem.  Sem duvida foi o modelo que mais tempo levei para fazer, sete anos ao todo, a razão disso de prendeu ao fato de só faze-lo em fins de semana, tendo em vista que eu passei a trabalhar naquela época a 40 Km de casa e ia e voltava todo dia, haja saco ! Dessa forma voltava tão cansado que mal conseguia fazer qualquer coisa. Nessa época morava no litoral sul paulista e lá tudo enferruja e assim eu gastava meu tempo mais em cuidar das máquinas da oficina do que trabalhar nos componentes do modelo.

O modelo tem o casco em resina e fibra de vidro e revestido internamente em madeira Guapuruvu, o piso é de pinho do Paraná, parte do convés de proa e popa em pinho Espruce ,  trincanís  em cabreúva, gradís e bomba, em cedro; timão em cabreúva.
 O motor é de dois cilindros de duplo efeito do tipo “ Launch Engine”, a caldeira é vertical porém com uma particularidade, possui tubos d’água ao invés de tubos de fumo como é comum nesse tipo de caldeira. O aquecimento é com GLP ( gás liqüefeito de petróleo) . é comandado por rádio Futaba de 6 canais sendo usado 5 canais em sua operação e assim distribuídos: 1-Leme, 2- Acelerador, 3- Apito, 4- sem uso 5- Controle de chama da caldeira, 6- Reversão da máquina.

Esse padrão de controle uso em todos os barcos a vapor, sendo que os que têm rodas laterais e portanto leme de proa, o 4 º canal é usado para comandar o leme de proa .  Na saída do vapor da máquina está instalado um trocador de calor tipo casquilho e tubos (Shell end Tubes) para aquecer a água bombeada de volta a caldeira e após este, ainda tem um Ejetor para gerar uma pequena depressão na saída do vapor, auxiliando de forma notável o desempenho da máquina .Dessa forma o modelo ficou sendo um barco para escafandristas. E para quem não sabe o que é escafandro e escafandrista aqui vai a explicação.

Era um meio que se desenvolveu no século XIX para poder se mergulhar e trabalhar em obras embaixo d’água vestindo um equipamento que se chama escafandro. Esse equipamento era  constituído de uma esfera feita em cobre ou latão, com visores de vidro na frente e nos lados, essa esfera era ligada a uma roupa feita de lona, e o ar era bombeado dentro disso tudo e dentro dessa indumentária ia o escafandrista, normalmente um homem de compleição forte e boa estatura , devido ao alto peso do equipamento. Na esfera ficava a cabeça do homem e o corpo envolto em lona hermética , tudo cheio de ar.

Dessa forma o equipamento quando naufragado tendia a flutuar e por essa razão usava-se um cinturão com chumbo para fazer peso em tal medida que o escafandrista quando mergulhado não possuía peso e nem flutuava, ficava na mesma densidade da água.
O escafandrista descia e subia regulando através de uma válvula apropriada a quantidade de ar dentro da indumentária, dessa forma ele se movia a bel prazer. O modelo está na escala  1:6  em inglês fica que duas polegadas é igual a um pé.

Não se esqueça que o original é de origem inglesa. Possui 1,64 m de comprimento e 35 cm de boca  e da quilha a ponta da chaminé tem  45 cm. Assim como seu meio irmão de casco o Humaitá , ele navega muito bem.Esse barco, por obra do destino, ficou anos em mãos de um amigo que lamentavelmente já se foi deste mundo, isto porque ele tinha verdadeira paixão pelo modelo, até parecia ser criação dele, mas felizmente o tenho de volta em minha coleção de modelos.  Está agora no site sobre nautimodelismo junto com os demais modelos.
 
 

 
 
 
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