VISCONDE d’ITU
Edmar Mammini - Construtor
 
 
Barco Fluvial Visconde d'Itu
 
 
 

Histórico:- O barco fluvial  “ Visconde d’Itu”  pertencia a um tipo de barco de uso comum no final do século XIX,  eram fabricados na Inglaterra e exportados mundo afora em “kits” para montagem no seu local de uso. Os países que mais possuíam esses tipos de barcos eram os subdesenvolvidos como colônias africanas, asiáticas ; colônias e países sul-americanos do qual o Brasil era um deles. Chegaram ao Brasil entre os anos de 1880 e 1910.  Os rios navegáveis nessa época tiveram a presença dos mesmos. Foram desativados nos anos 1940, e após isso somente barcos com tração a motor Diesel é que se importou. O barco possuía as seguintes dimensões: comprimento 30m, boca 4,6m , calado 0,7m, pontal 1,8m . Deslocamento cerca de 100 toneladas métricas.
 

O barco era do tipo com rodas laterais movida por uma máquina a vapor de dois cilindros de simples expansão e a 90º entre si (tipo locomotiva, partia sozinha), era uma máquina do tipo diagonal, isso quer dizer seus cilindros estavam inclinado em relação a linha d’água do barco em cerca de 30º , isto para aumentar a estabilidade uma vez que com esse ardil se baixava o centro de gravidade da embarcação. A caldeira era do tipo locomotiva ou seja tubos de fumo e fornalha grande para poder queimar lenha; que esses países possuíam em abundância. Dessa forma destruindo totalmente as matas ciliares dos rios e provocando seu assoreamento, e foi isso mesmo que aconteceu em todos eles, sem exceção.
 

Eram barcos com potência boa de máquina, isso para que pudesse superar as corredeiras que haviam nos rios. Devido a essa boa potência muitos foram armados em canhoneiras para combater contrabando. O “ Visconde d’Itu” veio parar no rio Tietê , e navegava entre Porto Martins, que está na margem oposta da foz do rio Piracicaba e ia até a cidade de Bariri. Sua finalidade era rebocar chatas de carga e que transportavam café em grãos para exportação por meio de via férrea. Seu porto de registro, a cidade de Barra Bonita, e outro porto que o mesmo fazia uso na época era Porto Lençois.

Onde hoje existe a barragem de " Barra Bonita"  haviam corredeiras, dessa forma a navegação se tornava impossível, devido a isso foi feito um canal onde a correnteza era enorme, entretanto os barcos eram rebocados rio acima atrelados em cabos de aço, e estes eram tracionados por uma máquina a vapor fixa. Usavam o mesmo ardil para navegar rio abaixo, tornando desta forma viável a navegação nesse trecho tão importante. O Visconde de Itu era o maior barco na época naquele trecho."
 
 

O barco pertencia a “Estrada de Ferro Ituana” e esta ligava  Barra Bonita, as outras estradas da época, era uma ferrovia curta de bitola métrica (1m) . Ligava  dessa forma no interior do estado  as ferrovias Sorocabana  a ferrovia  Paulista. Após 1932, a Estrada de Ferro Sorocabana encampou tanto a ferrovia como o barco.
Esse tipo de embarcação possui fundo chato e pontal baixo, como essa estrutura o casco da embarcação não possui muita resistência mecânica. Seu casco raso e com muitos vãos na coberta e com o bojo muito pronunciado, é comum aparecerem trincas devido a isso.

 O modelo:-  Sua escolha. Ela se deu devido ser essa embarcação do tipo chamativo com relação as demais. Esse chamamento dá-se ao fato de possuir seu maquinário exposto. Tanto caldeira como máquina estão apenas coberto por um teto do tipo toldo, este feito de ripas de madeira e lona. Isso em um modelo que possui uma máquina vapor autêntica torna-o muito interessante, ao verem a mesma operar, vêm exatamente como funciona o complexo sistema a vapor que possui.

 Construção. O modelo procura ser o mais fiel possível ao original, apenas foi substituído o que era um casco em aço rebitado por latão rebitado, isso para aumentar sua longevidade e facilitar sua construção. Foi evitado ao máximo o uso de aço doce devido sua tendência a oxidação.
 Dessa forma o modelo está assim construído. Escala  1:18 , casco em latão rebitado e estanhado para evitar vazamentos e aumentar a coesão das rebitagens. Convés em madeira, sendo um compensado marca “Zaparolli” de 1 mm de espessura recoberto com ripas de madeira marfim de 8 mm de largura com 0,6 mm de espessura.

Superestrutura, de certa forma não tem, apenas alguns caixões onde se encontram o alojamento da tripulação e cozinha, estas também foram feitas de compensado de 1 mm e ripas de abeto argentino (muito leve e bom de se trabalhar).
A coberta foi feita de compensado de madeira taquari (ou tauari) de 1 mm de espessura e recoberta com tecido de algodão e fibra sintética para imitar uma lona esticada e pintada.

A proteção das rodas d’água foram feitas de fenolite (Phenolyte) de 0,8 mm de espessura e o gradil decorativo em madeira mogno.
As colas usadas foram Super Bonder e Cola Tudo Duco, que eu acho o ideal para se fazer piso com ripas. Dá tempo para secar a cola enquanto se coloca cada ripa em seu lugar. O convés está fixado ao casco com uma série de parafusos de 1,4 mm de diâmetro por 5 mm de comprimento, os que se usam para fixar hastes dos óculos. Dessa forma é possível se retirar totalmente o convés principal para a montagem e manutenção de tudo que é equipamento. A construção do casco obedeceu o padrão descrito neste mesmo site de como se deve fazer um casco em latão. Da mesma forma foi a caldeira e máquina, neste mesmo site tem explicações de como faze-los.

A grande novidade aqui neste modelo é a construção de rodas d’água para tração. Ela possui 18 cm de diâmetro, sua estrutura é feita em perfis de latão, suas pás, que são em número de sete, são feitas em fenolite de 1 mm de espessura e tem  8 cm de largura por 2 cm de altura. Essas pás são do tipo fixa, sim porque existem as do tipo basculante. Neste site tem o modelo “ Princess Beatrix “ que possui rodas com pás basculantes.
Uma característica marcante é o leme de proa, o modelo tem esse leme, e afirmo aqui que todo barco de rodas laterais deve ter esse leme, caso contrário fica sem possibilidade de manobras a ré.

O que movimentam os lemes são dispositivos conhecidos em língua portuguesa como –gualdropes- corruptela da palavra inglesa  “guard-ropes” (guarda cabos). impropriamente usada, mas enfim é! O sistema de gualdropes consiste em se fazer um eixo do leme alto(madre), esse traspassa a coberta, no topo tem um quadrante em forma de meia-lua, onde está fixado um cabo ( em geral de aço) esse vai dentro de umas caixas até a cabina de comando onde entra lá dentro e vai se enrolar no sarilho da roda de leme (Timão). Ao se rodar o timão o cabo enrola no sarilho puxa a meia lua e esta através do eixo atua o leme. Estou dando especial atenção a essa descrição por que esse barco em especial, tem um sistema de gualdropes que chega a ser espalhafatoso de tão grande que é em relação ao barco, dando dessa forma ponto característico em seu estilo.
 

A caldeira da máquina é aquecida pela queima de GLP  gás liqüefeito de petróleo. O reservatório leva 200 g de gás liquefeito.
O reservatório de água é para 1,5 litros e a caldeira no nível correto leva  0,5 litro
O modelo possui rádio controle de 6 canais assim distribuídos 1- leme de ré, 2- velocidade do motor, 3- apito, 4- leme de proa, 5- controle de chama de caldeira, 6- controle de frente e ré.

O tempo estimado de operação do modelo sem abastecimento é da ordem de 2 horas.
A pintura escolhida foi descrita por um antigo morador de  Barra Bonita que conheceu o real. Os tons é que são discutíveis. O modelo foi pintado como era na época em que pertencia a Estrada de Ferro Sorocabana. Não é possível se afirmar que realmente eram essas as cores, mas tudo leva a crer que sim.

FOTOS
 
 
 
 
  Visconde de Itú - terminado em Setembro 2005
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade de Barra Bonita - Estação da Estrada de Ferro Sorocabana - Hoje Museu Luiz Saffi - Foto Luiz Netto - Agosto de 2006
 
 
 
Barra Bonita - Ponte sobre o Rio Tietê - Uma das embarcações atuais de turismo - Foto Luiz Netto - Agosto 2006
 
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