Amazon Pit Kennel
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Bubalinocultura
Apesar
de seu grande potencial para a produção de alimentos, o Brasil encontra-se,
ainda hoje, em situação desconfortável, em relação ao suprimento de uma
dieta mínima aos segmentos menos favorecidos da população. A
produção de alimentos a baixo custo é uma alternativa para a superação
desse estigma nacional. Nesse contexto, a criação de búfalos, a exemplo do
que ocorre com a criação de pequenos e médios animais, adquire contornos de
opção ao viabilizar a conversão de áreas marginais, disponíveis em
várias regiões do país, como as baixadas alagadas com pastagens de baixo
valor nutritivo, em proteínas nobres. Em pouco menos de um século de sua
introdução no país, o rebanho bubalino nacional vem crescendo a taxas
superiores a 10% ao ano, contando hoje, com mais de dois milhões e meio de
cabeças. Uma
criação alternativa como a de búfalos representa um acréscimo
significativo na produção de carne e leite, em função da capacidade
produtiva desses animais, que podem atingir 400 a 500 kg, aos dois anos de
idade, em pastagens nativas ou cultivadas, e cuja produção de leite pode
alcançar a média de 5 litros/fêmea/dia, em regime de pasto, sem qualquer
suplementação. O
leite da búfala é de excelente qualidade e possui grande rendimento na
transformação em subprodutos. Além disso, apresenta bom desempenho em
trabalhos de tração, sendo de grande valia para o pequeno produtor. Aos
aspectos produtivos soma-se a docilidade desses animais. Classificação: Família:
Bovidae Sub
Família: Bovinae Bubalus
bubalis variedade bubalis:
é o búfalo doméstico ou indiano, abrangendo os búfalos da Índia,
Paquistão, China, Turquia e de vários países da Europa e América. Os
búfalos provenientes da Itália também pertencem a esta subespécie. É
denominado mundialmente de búfalo de rio. Bubalus
bubalis variedade Kerebau:
é encontrado no Ceilão, Indochina, Ilhas da Indonésia e Filipinas. É o
Carabao, que na região amazônica recebe a denominação de Rosilho. É
também chamado de “búfalo do pântano”. Os
búfalos de pântano, representados no Brasil pela raça Carabao, apresenta um
conjunto de 48 cromossomos ( 2n=48 ). Os búfalos de rio ( no Brasil as raças
Murrah, Jafarabadi e Mediterrâneo ) possuem 50 cromossomos ( 2n=50 ). Produção de leite
A
produção de leite de búfalas é, sem dúvida, uma atividade de imensa
importância em vários países do mundo. No Brasil os búfalos são criados
principalmente para a produção de carne, mas já começam a ser
aproveitados, e com grande sucesso, também na produção de leite. Em
alguns casos, os bubalinos exibem produtividade leiteira economicamente
superior aos zebuínos, isto é, cada litro de leite é produzido a custo
menor, por apresentarem grande rusticidade, o que lhes permite aproveitar
melhor as forragens de qualidade inferior e se adaptar às mais diferentes
condições climáticas, com marcante resistência a doenças. Colocados,
porém no habitat do gado bovino europeu especializado, os búfalos não
conseguem atingir os excelentes resultados desses bovinos, selecionados
durante vários séculos. Apesar disso os valores de produção dos búfalos
são bastante elevados, chegando em alguns casos a superar os 4000 kg de leite
por fêmea/ lactação. Na
elaboração de laticínios, o leite da búfala apresenta rendimento
industrial superior ao leite bovino. Possui, ainda, 33% menos colesterol, 48 %
menos proteína, 59 % mais cálcio e 47 % mais fósforo. Por conter maior teor
de gordura, são necessários apenas 14 litros de leite de búfala para
produzir 1 kg de manteiga, enquanto que para obter a mesma quantidade de
manteiga com leite bovino, são necessários aproximadamente 20 litros. Por
outro lado, com apenas 8 litros de leite de búfala pode-se obter 1 kg de
queijo mussarela de alta qualidade. São necessários 12 litros de leite de
vaca para a mesma finalidade. Em
geral, as búfalas são consideradas excelentes produtoras de leite quando
atingem média superior a 7 litros de leite/fêmea/dia, durante uma lactação
de aproximadamente 270 dias, alimentando-se exclusivamente de pastagem
cultivada. Em pastagem nativa esta média não ultrapassa 5 litros em um
período de 250 dias. Com
a utilização de búfalas de boa aptidão leiteira, das raças Murrah,
Mediterrâneo, Jafarabadi, há possibilidade de obtenção de produção
satisfatória de leite, a baixo custo, usando-se tecnologias simples e de
fácil adoção, além da utilização dos machos para reprodução ou sistema
de produção de carne. Tendo
em vista o maior rendimento do leite de búfala em laticínios, recomenda-se
seu total aproveitamento na fabricação de queijos, manteiga, iogurte e doce
de leite. O soro pode servir de alimento para suínos e outros animais. Alimentação:
o búfalo é um excelente transformador de alimentos grosseiros (forrageiras
de alto teor de fibra e baixo valor nutritivo), podendo produzir
satisfatoriamente em condições adversas. Entretanto, níveis superiores de
produtividade são alcançados com suplementação alimentar (agroindústria
e/ou alimentos obtidos na fazenda), bem como mineralização do rebanho com
macro e microelementos, de acordo com as deficiências locais. As
fêmeas leiteiras com produções diárias superiores a 7 kg de leite devem
receber suplementação de concentrado energético-proteico, na proporção de
1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos. Os bezerros lactentes de
fêmeas submetidas a duas ordenhas diárias, além de pastejar gramíneas de
boa qualidade ou recebê-las trituradas em cochos, devem consumir ração
suplementar de bom valor nutritivo, na proporção de 1 kg para cada 100 kg de
peso vivo, além de minerais e água. Os bezerros provenientes de uma ordenha
diária, acompanham a mãe após a ordenha, permanecendo juntos até o final
da tarde, quando são apartados, ficando os bezerros em pastos próximos ao
estábulo ou em bezerreiros com forrageiras trituradas, sal mineral e água. Em
pastagens nativas, o sistema de criação é extensivo não havendo controle
de carga animal. Nessas condições, aconselha-se o uso integrado de pastagem
nativa com pastagem cultivada para melhor desempenho produtivo do rebanho,
durante os períodos críticos. Nas
terras inundáveis, em solos de média e alta fertilidade, a gramínea
cultivada mais utilizada por esses animais é a canarana-erecta-lisa ( Echinocloa
pyramidalis ). Para melhor desempenho da pastagem, há necessidade de
manejo em pastejo rotacionado, com um mínimo de quatro pastos para cada lote
de animais, com carga de 1,0 UA de 550 kg de peso vivo/ha/ano. Em
terra firme, o quicuio da amazônia ( Brachiaria humidicola ),
braquiarão (Brachiaria brizantha ), colonião ( Panicum maximum
) e outras espécies adaptadas às diferentes condições brasileiras podem
atender satisfatoriamente as necessidades alimentares dos bubalinos. Essas
gramíneas podem ser manejadas em pastejo contínuo, com lotação de 1 UA/ha/ano,
e intensivo rotacionado, com 3 UA/ha/ano. Nessas pastagens quando necessário,
deve ser efetuada roçagem anual das ervas invasoras. Manejo
reprodutivo: os reprodutores devem
ser selecionados, levando-se em consideração: o elevado potencial para
produção de leite; o peso compatível com a idade e a raça; e a
inexistência de defeitos zootécnicos. Os machos devem ser enlotados aos 30
meses de idade, na relação touro: vaca de1:25, em sistemas extensivos, e no
máximo 1:40, nos intensivos. Para evitar consangüinidade, os reprodutores
devem ser descartados de modo que não cubram suas próprias filhas. Devem
ser descartadas as fêmeas que ao final da segunda lactação, tenham
apresentado produção leiteira inferior à média do rebanho, as que não
tiverem parido por dois anos consecutivos, as que tiverem atingido doze anos
de idade, as má criadeiras ( de pouca habilidade materna ), as que
apresentarem defeitos, as que se mostrarem soro positivas para brucelose e as
reativas positivamente para tuberculose. Após
o desmame, os bezerros podem ser transferidos para um pasto distante do
rebanho da reprodução, a fim de evitar concorrência pelo leite da mãe
entre o bezerro do ano anterior e o recém-nascido. Caso isto não seja
possível, o desmame deve ser feito por processo mecânico, como o anel de
plástico colocado no septo nasal. Ao
completarem dois anos de idade, as melhores fêmeas devem ser selecionadas com
base nos seguintes critérios: produção de leite da mãe, peso vivo da
fêmea e ausência de defeitos zootécnicos. Os machos sem as características
exigidas para um reprodutor devem ser castrados entre 12 e 18 meses de idade
ou transferidos para pastos de engorda e criados separados das fêmeas. Nos
rebanhos comerciais, os machos devem ser castrados nos primeiros dias de vida. Identificação:
a identificação do bezerro deve ser efetuada na primeira semana de vida,
fazendo uma tatuagem nas duas orelhas, com tinta preta apropriada. Nos animais
de sobreano, para maior garantia de identificação e facilidade de leitura,
faz-se uma tatuagem na prega ano-caudal. Ordenha:
no sistema de duas ordenhas diárias, que incrementa a produção leiteira em
torno de 24 %, geralmente adotado em pastagem cultivada, o aleitamento dos
bezerros é feito apenas durante o apojo do leite. No de uma ordenha diária
os bezerros acompanham a mãe durante o dia. Se
houver condições, as vacas lactantes podem ser submetidas a um banho natural
em cursos d’água ou com mangueiras no estábulo, antes da ordenha, visando
maior higiene do leite e conforto dos animais. Imediatamente antes da ordenha
devem ser efetuados a limpeza do úbere com água clorada ou outro
bactericida, a coleta de leite para teste de mamite e, posteriormente, o
enxugamento do úbere do animal. Outra
alternativa é a construção de lagoa artificial próxima ao estábulo, de
acordo com o tamanho do rebanho (50 m2 de espelho d’água por
fêmea). Este reservatório pode ser utilizado para criação de peixes e
camarões, associada a suínos, patos ou marrecos. Produção
de leite em sistema intensivo Estabulação
livre: esse sistema de
produção deve ser utilizado, preferencialmente, por produtores que dispõem
de máquinas e equipamentos, boas instalações, áreas cultivadas com
volumosos de bom valor nutritivo e, sobretudo, fêmeas com elevado potencial
de produção leiteira. A
ração concentrada deve ser fornecida principalmente durante o período seco
e de acordo com a produção de leite de cada fêmea. Os animais devem receber
cerca de 1 kg de concentrado (com 18 % de proteína bruta e 70 % de NDT ) para
cada 3 kg de leite produzidos. Nesse sistema de criação, as fêmeas podem
produzir cerca de 2600 kg/ lactação de 300 dias Pastejo
intensivo rotacionado:
deve-se escolher uma forrageira de alta produção por área, com elevado
valor nutritivo. Em seguida, escolhe-se uma área adequada, não sujeita a
inundações e relativamente plana, que facilite a mecanização. Recomenda-se
fazer aração e gradagem, bem como adubação de plantio e manutenção. No
manejo intensivo rotacionado efetua-se a divisão da área em piquetes, os
quais são pastejados pelo período de um a sete dias, com descanso de 24 a 45
dias. Deve estar disponível uma área de escape equivalente a 15 % da área
total, para ser usada em períodos de deficiência de forragem, de chuvas
excessivas, de estiagem prolongada, de ataque de pragas e doenças etc. Nesse
sistema de pastejo, as fêmeas lactantes podem ser ordenhadas duas vezes ao
dia, produzindo entre 2000 e 2500 kg de leite/lactação em 300 dias. É
aconselhável a utilização de uma área equivalente a 10 % da área de
pastagem para plantio de culturas, como cana-de-açúcar, mandioca, milho e
outras adaptadas às condições locais, como fonte de suplementação
alimentar durante estiagens prolongadas ou outros imprevistos que podem
ocorrer nas pastagens, preservando a sustentabilidade do sistema de criação. Produção de carne
A
criação de bubalinos é mais voltada para a produção de carne, utilizando
pastagens nativas com grande número de espécies de gramíneas e leguminosas,
localizadas sobretudo em áreas alagadiças, pouco aptas para bovinos, e, em
menor escala, em pastagens cultivadas em terra firme. O búfalo também
consome, principalmente na época de inundações, pastagens nativas de
qualidade inferior, localizadas nas partes mais altas. Mesmo
em pastagens de baixa qualidade ou em locais de difícil acesso às
forrageiras, os bubalinos possuem elevada capacidade para produzir carne, em
função da habilidade de seu organismo para digerir alimentos grosseiros (
com elevado teor de fibras ) e da facilidade de locomoção em áreas alagadas
ou atoladiças. Em várias condições de manejo, é sabido que os bubalinos
apresentam ganhos de peso satisfatórios, o que os transformam em opção
viável de produção nas diferentes regiões brasileiras. As
características de odor, sabor e suculência da carne de bubalino são muito
semelhantes às de bovino. Quanto à cor, a carne bubalina é mais clara nos
animais jovens e mais escura que a de bovinos nos animais mais velhos. A
carne bubalina possui menos gordura intermuscular e intramuscular,
caracterizando-se, por isso, como alimento mais saudável para o homem, uma
vez que a maior quantidade da gordura de cobertura pode ser facilmente
removida. O
maior obstáculo para o consumo de carne de búfalo é o preconceito ainda
existente no seio da produção. A inclusão da carne de búfalo no cardápio
de alguns bons restaurantes dos principais centros urbanos tem contribuído
para o aumento do consumo. Em Belém, Pará, o consumo de carne de bubalinos
já atinge em torno de 10% do consumo da carne de bovinos. Produção de carne em pastagem
nativa
Em
terra firme: é um sistema
interessante para grande número de criadores, uma vez que reduz as despesas
com formação de pastagens, além da pequena infestação de invasoras,
considerando-se que este sistema está em equilíbrio ecológico, dispensando
assim a limpeza das pastagens, que normalmente implica em custos elevados.
Além disso, a pastagem nativa não é infestada pela cigarrinha das
pastagens, principal praga das forrageiras cultivadas. Entretanto,
a baixa capacidade de suporte dessas áreas e a reduzida qualidade da forragem
constituem entraves ao melhor desempenho animal. Apesar desse fato, a pastagem
nativa deve ser preservada e, se possível, melhorada através da introdução
de novas gramíneas e leguminosas, que permitam aumentar a capacidade de
suporte e garantir a disponibilidade de forragem durante o ano inteiro, com
suprimento alimentar de melhor valor nutritivo. O
manejo utilizado nesse sistema de criação é o extensivo, utilizando-se
pastejo contínuo, com taxa de lotação que varia de três a seis hectares
por UA, podendo ser melhorado por meio de cercas divisórias que facilitam o
manejo. Para um regime mais intensivo, as grandes áreas devem ser
transformadas em vários piquetes, aplicando-se a rotação de pastagens.
Apenas com a adoção dessas tecnologias simples, observa-se um incremento na
taxa de lotação, que chega a um ou dois hectares por UA, em função do
melhor aproveitamento das forrageiras. A introdução de gramíneas com maior
produtividade e melhor qualidade, como o quicuio-da-amazônia, braquiarão e
andropogon, promovem taxa de ocupação que pode chegar até uma UA/ha/ano. Quando
criados no sistema tradicional de pastagem nativa de baixa qualidade em solos
pobres, os búfalos atingem apenas 370 kg de peso vivo, aos 30 meses de idade.
No sistema melhorado, isto é, em regime semi-extensivo com manejo rotacionado
e introdução de gramíneas mais produtivas e fornecimento de mistura mineral
à vontade (macro e microelementos misturados em função das deficiências
locais ), os animais chegam a atingir cerca de 450 kg de peso vivo, entre 24 e
30 meses de idade. Em
terra inundável: nos campos
inundáveis é encontrada uma grande variedade de forrageiras. Essas áreas
possuem água e lama em abundância, ajudando os animais a se protegerem dos
insetos e outros parasitas, além de permitir o controle do calor corporal. A
pastagem nativa de terra inundável, embora seja utilizada eficientemente
apenas durante a estação de estiagem, deve ser preservada, pois
caracteriza-se como sistema estável e muito econômico, proporcionando boa
produtividade do búfalo neste período. Alguns produtores, apresentam
também, áreas de terra firme cobertas de forrageiras de baixo valor
nutritivo para onde os animais são conduzidos no período crítico. Nessas
condições de manejo ultra-extensivo dominante, a capacidade de suporte é de
6 ha por UA. Apesar disso, o desempenho produtivo dos bubalinos á
satisfatório, atingindo peso vivo de abate de cerca de 400 kg, aos dois anos
de idade. Este sistema de criação pode ser melhorado por meio do uso
integrado de pastagens nativas de terra inundável, no período seco do ano, e
da pastagem cultivada de terra firme, na época chuvosa. Produção de carne em pastagem
cultivada
Em
terra firme: pode ser
realizada com as gramíneas de cada região. Na região Norte, o
quicuio-da-amazônia, normalmente introduzido em solos de baixa fertilidade,
constitui excelente alternativa na formação de pastagem devido às suas
características de produtividade, agressividade e resistência a pragas e
doenças. Os búfalos se adaptam bem as mais diversas condições de ambiente.
No entanto, o meio mais favorável é aquele constituído de pastagem em terra
firme e bem servido de água. Os cochos devem possuir sal mineral à vontade
de acordo com as deficiências da região. As instalações zootécnicas devem
ter dimensões adequadas ao atendimento do rebanho e construídas em locais
que facilitem o manejo. O
sistema de pastejo mais adotado é o contínuo, com divisões de lotes por
categoria animal ( vaca com bezerro, vaca de recria e de engorda ). A taxa de
lotação deve ser adequada à disponibilidade de forragem durante o ano
inteiro. A pressão de pastejo gira em torno de 1UA/ha/ano. Em
pastejo rotacionado, onde ocorre a divisão de piquetes, normalmente adota-se
um manejo flexível, que permite aumentar ou diminuir o número de cabeças
por unidade de área, de acordo com a disponibilidade de forragem no decorrer
do ano. Em condições de pastagem cultivada e de bom manejo, os búfalos
podem atingir peso médio de 450 kg de peso vivo, com aproximadamente 20
meses. Em
terra inundável: o
plantio é realizado somente por mudas, pois as principais forrageiras,
canaranas e braquiarias, geralmente não produzem sementes viáveis. O êxito
do estabelecimento da pastagem depende das condições de umidade do solo. A
gramínea deve ser usada em pastejo contínuo ou rotacionado, com 1 a 3 UA/ha/ano,
com roçagem manual e adubação, quando necessária. O
sal mineral deve ser fornecido à vontade no cocho. Após a recria e engorda,
os animais podem atingir até 450 kg de peso vivo aos 18 meses de idade. Produção
de carne em sistema integrado:
a formação de pastagem cultivada em terra firme, com o objetivo de
viabilizar o uso do sistema integrado, constitui alternativa importante no
desenvolvimento da pecuária, tendo em vista que no período das inundações
as pastagens devem ser preservadas para serem utilizadas no período seco,
quando as gramíneas de terra firme apresentam reduzida disponibilidade de
forragem, de menor valor nutritivo. Esse
sistema pode ser implantado em algumas regiões do país, utilizando-se as
pastagens nativas de terra inundável, durante o período seco, e as áreas de
terra firme, com pastagem cultivada, durante a época chuvosa. Em terra firme
deve ser providenciado, se possível, locais para banho e consumo de água. O
sistema de manejo pode ser contínuo ou de preferência rotacionado, com taxa
de lotação de até 3 UA/ha/período. Nesse sistema, os búfalos chegam a
atingir 470 kg de peso vivo aos 24 meses de idade. A utilização do sistema
integrado permite a obtenção de carcaças de melhor padrão, mais pesadas e
precoces, além de possibilitar a comercialização na entressafra. Produção
de carne em sistema intensivo rotacionado:
nesse sistema devem ser utilizadas gramíneas de elevada produtividade e bom
valor nutritivo, dos gêneros Pennisetum (cameron, napier, roxo), Brachiaria
(braquiarão ou quicuio-da-amazônia), Panicum (tobiatã, tanzânia e
mombaça), plantadas em terra firme, ou Echynochloa (canarana-erecta-lisa
e canarana de paramaribo), em terra inundável. Essas gramíneas, quando bem
manejadas, asseguram elevadas taxas de lotação. É possível conseguir taxas
de 3 a 4 UA/ha/ano). O
período de ocupação de cada piquete deve variar de 1 a 7 dias, com período
de descanso de 24 a 45 dias, de acordo com a disponibilidade de forragem
avaliada a cada ciclo de pastejo. Os
piquetes devem ser arranjados preferencialmente de forma a darem acesso a uma
área central de manejo, contendo cocho para mineralização e bebedouros.
Quando existirem aguadas naturais, os piquetes podem ser direcionados para as
mesmas. Nesse sistema de criação, o ganho de peso pode alcançar até 1000
kg/ha/ano. Produção
de carne em confinamento:
nesse sistema, os animais permanecem em currais, divididos em grupos, com
acesso à mistura mineral e água para banho e consumo. A alimentação é
fornecida diariamente no cocho, sendo constituída de 60 % de volumoso e 40 %
de concentrado. Devem
ser implantados em pequenas propriedades próximas aos grandes centros
urbanos. A
alimentação deve ser constituída de gramíneas de bom valor nutritivo,
cortadas manual ou mecanicamente, e de rações compostas por ingredientes
produzidos na própria fazenda ou provenientes da agroindústria, de acordo
com a disponibilidade e preços locais. Esse sistema é interessante pelo fato
de permitir a produção em menor tempo e em pequenas áreas, estando sua
rentabilidade associada diretamente à disponibilidade e ao preço dos
componentes da ração concentrada. Alimentação
e nutrição Conforme
dito anteriormente, o manejo da pastagem é de fundamental importância na
produtividade da mesma. Temos de partir do princípio de que o animal produz
mediante o suprimento de suas necessidades básicas, para
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do capim e do esterco. O tamanho desta depende do número de animais a serem
suplementados. Um rebanho de 25 vacas leiteiras precisa de uma capineira de
aproximadamente 3,8 ha, divididos em dez talhões principais, separados por
corredores. A cada semana corta-se um talhão de maneira sequencial. O
capim-elefante é uma gramínea produtiva, necessitando portanto de
adubação. Antes do plantio, faz-se uma adubação com 170 kg de uréia, 250
kg de superfosfato simples e 80 kg de cloreto de potássio por hectare. Depois
de cada corte, faz-se uma adubação com esterco de curral na base de 8
toneladas por hectare. A
forragem deve ser cortada diariamente e picada para facilitar o consumo pelos
animais e poder ser misturada com concentrados. O cálculo para consumo de
forragem verde é feito na base de 10 % do peso vivo do animal. Suplementação
alimentar: a alimentação
exerce grande influência na produção, melhoramento, sanidade e no
rendimento econômico da criação de búfalos. A grande maioria de produtores
que utiliza o búfalo para produção de leite e carne adota o sistema
alimentar baseado exclusivamente no fornecimento de alimentos volumosos
(pastagens nativas, cultivadas e capineiras) que, em alguns casos, possuem
limitado valor nutritivo em função de fatores ambientais e de manejo, e não
fornece suprimento adequado de nutrientes capaz de assegurar nível de
produção mais elevado que o atual. Independente
da espécie forrageira utilizada para a formação de pastagem e do manejo
empregado, é possível atender, nesse sistema, a demanda nutricional até um
determinado nível de produção. Para produções acima deste limite, é
preciso utilizar alimentos de melhor valor nutritivo, capazes de suprir
adequadamente as necessidades nutricionais do animal. A
título de exemplo, uma fêmea de 500 kg de peso vivo, alimentada
exclusivamente com forragem contendo na matéria seca (MS) 56 % de nutrientes
digestíveis totais (NDT), 10 % de proteína bruta (PB), 0,42 % de cálcio (Ca)
e 0,22 %de fósforo (P), e ingerindo matéria seca equivalente a 2,0 % de seu
peso vivo, consome energia suficiente para sua manutenção e para a
produção aproximada de 4 kg de leite com 7 % de gordura. Nesse
caso, uma produção superior a 4 kg de leite/dia requer alimentação
suplementar à base de mistura com 70 % de nutrientes digestíveis totais, 20
% de proteína bruta, 0,58 % de cálcio e 0,44 % de fósforo a ser fornecida
na proporção de 1 kg para cada 2 kg de leite produzido acima de 4 kg. Cabe
salientar que, à medida que a qualidade da pastagem é melhorada, diminui a
quantidade de suplemento alimentar por animal/dia. Mineralização:
a suplementação mineral, em criação de búfalos na Amazônia, é pouco
praticada e quando empregada consiste no fornecimento de misturas que
normalmente não atendem às exigências dos animais. Essa norma é comum nas
criações, cuja alimentação predominante são as gramíneas nativas de
várzea ou de solos sujeitos a inundações periódicas por rios de águas
barrentas. Uma
mistura mineral recomendada pela EMBRAPA – CPATU é a seguinte: Farinha
de ossos: 50 a 80 kg; Sal
comum iodado: 20 a 50 kg Sulfato
de cobre: 0,12 a 0,24 kg; e Sulfato
de cobalto: 0,05 a 0,15 kg. Essa
mistura deve ser fornecida à vontade em cochos cobertos, esperando-se um
consumo médio de 50 gramas/cabeça/dia. Cada piquete deve dispor de pelo
menos um cocho. Quando
o sistema de alimentação usado requer uma suplementação alimentar com
concentrados, um sistema prático e econômico de mineralização do rebanho
é o fornecimento da mistura mineral juntamente com o suplemento
protéico-energético, na proporção aproximada de 50 gramas/cabeça/dia. Instalações
zootécnicas (carne/leite) Vários
são os tipos de instalações zootécnicas que podem ser usados para as
diferentes atividades de manejo do rebanho. Para escolher o modelo, o
bubalinocultor deve levar em consideração o custo, a durabilidade e a
funcionalidade. Vale ressaltar que qualquer que seja o modelo de instalação
para manejo dos búfalos, o criador deve, se possível, localizá-lo em
terreno firme e drenado. Em terrenos alagadiços, o fazendeiro deve recorrer
ao aterramento da área escolhida, a fim de obter uma elevação do terreno
(aterro) bem compactada antes de construir as instalações. Por
outro lado, o material utilizado e o modelo de construção adotado devem ser
compatíveis em grande parte com as condições climáticas e de solo onde o
trabalho será realizado. Assim, é importante que o criador escolha os
modelos mais apropriados para sua fazenda, usando o material disponível na
região e realizando até adaptações nos modelos, se necessário, a fim de
implantá-los com pleno êxito. Tração
animal A
escolha do búfalo como animal de tração deve-se ao fato de ele apresentar
algumas características que lhe permitem maior adaptação ao trabalho de
tração, principalmente em solos lamacentos, pois seus largos cascos fendados
e a grande articulação de seus membros fazem com que a capacidade física do
animal seja melhor aproveitada. Quanto
à seleção de um animal para tração, deve-se dar preferência aos animais
que possuem: temperamento dócil, para facilitar o amansamento; idade de um e
meio a dois anos; peito amplo, largo e linha dorso-lombar sem curvatura
acentuada. Dentre
as raças bubalinas, a Carabao tem mostrado excelentes resultados, sobretudo
no que se refere à resistência ao trabalho, apresentando maior dificuldade
no amansamento. Já as raças Mediterrâneo e Murrah são indicadas para
trabalhos em terra firme. Independente da raça, os animais adultos devem ser
descartados, pois dificilmente absorverão os treinamentos por já possuírem
hábitos regulares. Um
animal de trabalho necessita, além do capim, de suplementação alimentar,
que pode ser o farelo de trigo ou de arroz, mandioca picada, rama de feijão
verde, etc., e também de suplementação mineral à vontade, no cocho. O
búfalo é um animal que praticamente não sua, por isso sofre muito nos dias
de sol quente. Para não maltratar o animal, recomenda-se o trabalho nos
períodos menos quentes do dia e com duração máxima de cinco horas. Após
cada período de trabalho e antes do descanso, dar água ao animal e, se
possível, também, um banho. Quando
o animal atinge dois a três anos de idade, ocorre a troca de dentes. Isso faz
com que ele tenha dificuldades para pastar, tendendo a emagrecer. Nesse
período deve ser alimentado, no cocho, com capim picado. Produtos
derivados do leite da búfala Em
relação ao leite de bovino, o leite da búfala tem uma coloração branca
muito acentuada devido à falta dos pigmentos carotenóides. Embora presentes
em forrageiras e rações animais, esses pigmentos são metabolizados em
vitamina A, não se encontrando, portanto, no leite e em seus derivados. A
gordura é branca, constituída de glóbulos maiores, proporcionando uma
manteiga também branca. A composição média do leite de búfala é maior e
se apresenta nas seguintes proporções: água (umidade) 82,50 %; gordura 7,80
%; lactose 4,9 %; proteína 4,0 %; e resíduo mineral fixo 0,80 %. Essa alta
composição o torna mais concentrado e de difícil digestão principalmente
para crianças em amamentação e idosos. Produtos
derivados do leite de búfala: Iogurte Queijo
branco tipo frescal Queijo
mussarela Queijo
provolone Requeijão
marajoara Doce de
leite Peculiaridades
dos búfalos A
búfala é poliéstrica contínua (sazonal): como a vaca bovina, a búfala
deve apresentar cios regulares de 21 em 21 dias. É denominada sazonal por
concentrar os cios nas melhores épocas para sua atividade reprodutiva, ou
seja quando as pastagens são abundantes e de boa qualidade. Estacionalidade
das parições: pelo mesmo motivo anterior, as fêmeas bubalinas tendem a
concentrar as parições em função das melhores condições de
alimentação, daí a percentagem de nascimento numa determinada época ser
bem maior que em outras, dependendo da região onde são criadas. Hábito
sexual noturno: grande parte das cobrições entre os búfalos ocorre durante
a noite, em função das temperaturas mais amenas. Regulação
do calor corporal: os búfalos apresentam menor número de glândulas
sudoríparas por unidade de área do corpo, se comparado com os bovinos.
Apesar disso, são bastante eficientes e conseguem regular o calor muito bem
apenas à sombra. Daí por que se afirma que para criar búfalos não há
necessidade de lamaçais, açudes, rios, etc. Basta ter sombra à vontade para
os animais, mas havendo disponibilidade desses ambientes deve-se deixá-los à
vontade para utilizá-los. Proteção
pela lama: o chafurdamento na lama, criando uma crosta no corpo dos búfalos,
é uma proteção contra os ectoparasitas, principalmente piolhos e moscas
hematófagas. Período
de gestação: as búfalas apresentam um período de gestação em torno de um
mês mais longo do que as fêmeas bovinas, ou seja: 310 ±
10 dias, ou seja, 10 meses. Vida
útil produtiva mais longa: os búfalos vivem mais tempo do que os bovinos.
Produzem sem problemas até os 20 anos. Há casos de búfalas parindo até
quase 30 anos, sem problemas. Grande
capacidade de adaptação e transforma melhor os alimentos mais grosseiros: é
maior a capacidade dos bubalinos em transformarem os alimentos mais grosseiros
em carne e leite. Isso tem proporcionado grande adaptação dos animais que
são encontrados no mundo todo, nas mais diferentes regiões, seja nos
desertos, com temperaturas de 40°
C, seja nas áreas geladas, com neve durante vários meses. O
búfalo é menos seletivo quanto aos alimentos: pelo mesmo motivo do item
anterior, os búfalos não escolhem muito o que comem. Numa comunidade de
invasoras de pastagens, os búfalos consomem muitas delas, independente de
serem ou não citadas como forrageiras. Grande
docilidade: diferentemente de seu aspecto, os búfalos são bastante dóceis,
sendo manejados até por crianças, tanto no trabalho de tração quanto nas
ordenhas diárias, não oferecendo nenhum perigo aos manejadores. Habilidade: os técnicos, criadores e tratadores que convivem há algum tempo com os búfalos garantem que os animais apresentam determinadas habilidades, além de grande percepção do mundo à sua volta. Não são raros os casos de búfalos que abrem porteiras ou que levantam o arame da cerca permitindo a saída do rebanho da área de contenção ou que, no manejo diário, se acostumam mais rapidamente com os seus nomes, com os lugares, etc. |